Estudantes de letras-libras paralisam atividades e protestam na UFSC

 

Estudantes, servidores técnico-administrativo e professores se reuniram em frente à reitoria. (Alunos Letras-Libras/ Divulgação)

Reportagem por Natália Porto

Estudantes do curso de letras-libras da Universidade Federal de Santa Catarina fizeram uma manifestação para protestar contra a desvalorização do diploma e pedir a contratação de intérpretes da Língua Brasileira de Sinais (Libras) com formação superior. Além de alunos, o protesto reuniu servidores técnico-administrativos em Educação (TAEs) e professores.

Os alunos do curso paralisaram as atividades no dia 15 de maio. A greve estudantil foi aprovada em assembleia geral convocada por parte do Departamento na quarta-feira (14). Durante a última assembleia, na terça-feira (20), os estudantes votaram por manter a paralisação por tempo indeterminado.

A falta de profissionais habilitados para atuar nos demais cursos de graduação foi contestada. Apenas sete intérpretes, contratados com nível superior mediante parecer da Procuradoria da UFSC, atendem a toda a comunidade surda da Universidade.

Segundo Wharlley dos Santos, estudante de Letras-Libras, a paralisação foi motivada pela desvalorização do diploma do curso. “A UFSC é a única universidade da América Latina a ofertar o curso para formação em nível de graduação (Nível E) de Tradutores/Intérpretes de Língua de Sinais e a mesma universidade na hora de contratar este profissional contrata pessoas com o Nível Médio para desempenhar esta função nos cursos de Graduação, Mestrado e Doutorado”.

O aluno ainda reclama da diferença na contratação dos servidores. Segundo ele, os tradutores e intérpretes de outras línguas são contratados como nível superior, enquanto os de libras, com nível médio. “Os alunos formados pela UFSC enfrentaram quatro anos de faculdade e perdem suas vagas por terem formação superior ou se sujeitam a trabalhar recebendo o salário de nível médio”, completa Santos.

Na manifestação, a vice-reitora Lúcia Helena Pacheco afirmou que o tradutor intérprete de Libras é avaliado pelo Ministério da Educação (MEC) como um cargo de nível médio, já que Libras não é considerada uma língua estrangeira. Desta forma, para contratar servidores de nível superior teria que haver uma mudança na legislação federal.

“Nossos objetivos são que a UFSC contrate apenas Tradutores/Intérpretes de Libras com formação na área superior (nível E), como os outros tradutores da universidade são contratados e que sejam abertos mais concursos. É impossível atender a toda universidade com apenas sete intérpretes. O que nós queremos são os 16 previstos no projeto de criação do curso em 2006”, completa Santos.

Greves Estudantis na UFSC
Além dos estudantes de letras-libras, alunos do curso de odontologia e de cinema paralisaram suas atividades este ano. Em abril, graduandos de todas as fases de odontologia reivindicaram por reformas e materiais novos nas duas clínicas de atendimento à população. Apesar de retomar as aulas teóricas, os futuros dentistas não descartam nova interrupção.

Vale lembrar que no mês de abril, a Vigilância Sanitária interditou as clínicas do curso e os 10 funcionários que auxiliavam no atendimento e na esterilização de instrumentos fazem parte do quadro de servidores em greve desde o início do ano letivo, 17 de março. Segundo o Chefe do Departamento de Odontologia Ricardo Vieira a reforma da central de esterilização será concluída em novembro.

Os estudantes do curso de cinema permaneceram em greve durante 10 dias e só retomaram a rotina depois de receber propostas da Direção do Centro de Comunicação e Expressão. Os alunos pediam a contratação de servidor técnico da área audiovisual para o Laboratório de Estudos de Cinema, a reforma do Cineclube e a atualização do currículo.

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Entre as exigências está a contratação de intérpretes de Libras com formação superior. (Alunos Letras-Libras/Divulgação)

Saiba mais:

Entenda os motivos da paralisação dos estudantes de Letras-Libras, no folder criado para conscientizar a comunidade discente.

Confira o documento com as reivindicações enviados à Reitoria e assinado pelos aluno. 

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